Malala

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Malala é uma jovem paquistanesa que desde muito cedo luta pelo direito das meninas e mulheres do seu país à educação. Uma questão que deveria nem precisar de discussão, não é? Mas lá no seu país não é tão simples assim. Infelizmente.

Malala Yousafzai nasceu no Paquistão em 1997 e cresceu em uma região dominada pelos talibãs, que proibiam as meninas de frequentarem a escola. Desde muito jovem, Malala se recusou a aceitar essa situação e começou a defender o direito das meninas à educação.

Sua história inspirou e ainda inspira milhões de pessoas ao redor do mundo a lutar pelos direitos das mulheres e pela educação.

Imagem Google – Domínio Público

Sua luta começou cedo. Ainda criança

Aos 11 anos, Malala começou a escrever a sua história pelo serviço de notícias da BBC e então denunciava as atrocidades cometidas pelos talibãs e falava sobre a importância da educação para as meninas. Escrevia em Urdo (língua Oficial do Paquistão).

O editor da BBC Urdo, lendo os textos de Malala, numa linguagem simples, infantil e até inocente (afinal era uma criança) percebeu que a menina tinha muito o que dizer ao mundo. Então, pediu que ela escrevesse um diário de sua vida escolar.

E assim, Malala com o pseudônimo de Gil Makai (uma heroína do folclore local) começou a escrever seu diário e ganhou notoriedade internacional. Tornou-se um símbolo da luta pela educação das mulheres e pelos direitos humanos.

Em 2012, aos 15 anos, Malala foi baleada na cabeça por um membro dos talibãs enquanto voltava da escola. Vamos comentar sobre isso mais pra frente. Mas antes precisamos esclarecer o que é o tão temível Talibã.

O Talibã

O Talibã é um grupo militante islâmico que governou o Afeganistão de 1996 a 2001 e retomou o poder em 2021 após uma ofensiva militar. O grupo foi fundado em 1994 por estudantes islâmicos radicais no Afeganistão e se tornou uma força poderosa no país em meio à instabilidade política e à guerra civil.

O Talibã é uma organização fundamentalista que segue uma interpretação rígida da lei islâmica, conhecida como Sharia. Eles são conhecidos por sua brutalidade e violência, incluindo execuções públicas, amputações e apedrejamentos.

O grupo também é conhecido por sua hostilidade em relação às mulheres e às minorias religiosas, restringindo severamente os direitos das mulheres e perseguindo minorias religiosas, como os xiitas e os hazaras.

Durante o regime talibã de 1996 a 2001, o grupo impôs um governo autoritário que proibia a maioria das formas de entretenimento, restringia o acesso à educação e impunha uma série de regras sociais rígidas.

Além disso, o Talibã permitiu que grupos terroristas como a Al Qaeda operassem em seu território, o que levou ao ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos e à subsequente intervenção militar liderada pelos EUA no Afeganistão.

Desde que o Talibã retomou o poder em 2021, há preocupações de que suas políticas e práticas autoritárias e extremistas possam voltar a ser impostas, especialmente em relação aos direitos das mulheres e minorias religiosas.

O atentado à Malala

Em 9 de outubro de 2012, Malala Yousafzai, então com 15 anos, estava voltando da escola em um ônibus escolar quando um grupo de homens armados do Talibã parou o veículo e pediu que as outras crianças identificassem Malala. Quando a identificaram, um dos homens atirou em sua cabeça. Uma crueldade. Uma menina que só queria estudar. Não, não é ficção.

Malala ficou gravemente ferida e encaminhada para um hospital em Peshawar, no Paquistão. De lá, ela foi transferida para um hospital em Birmingham, na Inglaterra, onde passou por várias cirurgias para salvar sua vida e ajudá-la a se recuperar dos ferimentos.

O ataque chocou o mundo e gerou uma onda de indignação e apoio à Malala.

O Talibã assumiu a responsabilidade pelo ataque e justificou-o dizendo que Malala era uma “propagandista ocidental” que promovia ideias contrárias à cultura e à religião islâmica.

Tratamento e recuperação de Malala

O governo paquistanês rapidamente reconheceu a gravidade da situação e providenciou um avião para transportar Malala e sua família para o Reino Unido. Ela foi levada para o Hospital Queen Elizabeth em Birmingham, que é especializado no tratamento de lesões na medula espinhal e na recuperação de pacientes que sofreram traumatismos cranianos.

Malala foi levada ao Reino Unido para receber tratamento médico especializado porque seu estado de saúde era crítico e o Paquistão não tinha recursos médicos suficientes para tratar seus ferimentos. O tiro que ela recebeu na cabeça causou danos graves em seu cérebro e na medula espinhal, e ela precisava de cirurgias complexas e tratamento de longo prazo.

O tratamento de Malala foi bem-sucedido e ela se recuperou gradualmente de seus ferimentos. Após a alta do hospital, permaneceu no Reino Unido com sua família, onde recebeu apoio médico e continuou a trabalhar em sua luta pelos direitos das mulheres.

Embora tenha se recuperado significativamente, Malala ainda lida com algumas sequelas, incluindo dificuldades de fala e audição em um dos ouvidos. Ela também tem algumas dificuldades cognitivas, incluindo problemas de concentração e memória, mas essas limitações não a impediram de continuar seus estudos e trabalho humanitário.

Novo lar, nova vida

Após o ataque à Malala, a família teve que deixar sua casa no Vale do Swat, no Paquistão, por motivos de segurança. Eles ficaram em diferentes partes do país e, em seguida, se mudaram para o Reino Unido com a ajuda do governo paquistanês e de organizações internacionais.

No Reino Unido, a família de Malala recebeu apoio de organizações de caridade e da Fundação Malala, que fornece bolsas de estudo para meninas que enfrentam dificuldades financeiras em todo o mundo. Ziauddin Yousafzai, o pai de Malala, tornou-se um orador público e ativista pelos direitos das mulheres e da educação, e ele e Malala têm trabalhado juntos em várias iniciativas para promover a igualdade de gênero e a educação.

A história e seu trabalho inspiraram muitas pessoas ao redor do mundo a se unirem em defesa dos direitos das mulheres e da educação.

A família também escreveu livros sobre sua história e suas lutas, incluindo “Eu sou Malala”, escrito pela própria Malala, que se tornou um best-seller internacional. Além disso, Malala e sua família receberam prêmios e reconhecimentos por sua luta, o que ajudou a fornecer recursos para sua subsistência.

Em 2014 se tornou a mais jovem ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, por sua luta pelos direitos das mulheres e pela educação.

Malala é graduada em Filosofia, Política e Economia pela Universidade de Oxford (uma gradução com 3 temas), no Reino Unido. Ela ingressou na universidade em 2017 e concluiu seus estudos em 2020.

O direito constitucional da educação

Sim, as mulheres paquistanesas têm o direito constitucional de receber educação e muitas delas continuam estudando em escolas, faculdades e universidades no país. No entanto, ainda existem barreiras significativas ao acesso à educação para as mulheres no Paquistão, especialmente em áreas rurais e tribais.

A taxa de alfabetização feminina no Paquistão é consideravelmente menor do que a dos homens, e muitas meninas são retiradas da escola cedo para se casarem ou trabalharem em casa. Além disso, a violência e o assédio sexual são problemas sérios nas escolas e universidades do Paquistão, o que torna a educação um ambiente hostil para muitas mulheres.

A volta do Talibã ao poder no Afeganistão em 2021 (após 20 anos de intervenção militar dos Estados Unidos) aumentou a preocupação entre as mulheres paquistanesas de que seus direitos e acesso à educação e ao mercado de trabalho possam ser ameaçados. Isso levou a protestos e manifestações em várias partes do país, com mulheres exigindo o direito de continuar estudando e trabalhando em igualdade de condições com os homens.

Um exemplo que ilustra esse retrocesso aconteceu com um reporter que estava fazendo a cobertura da retiradas das tropas Norte Americanas em Cabul. No meio da reportagem ela foi “convidada” a se retirar por ser MULHER…

Que absurdo. Que retrocesso. E pensar que isso é vida real e não, ficção e coisa da nossa cabeça.

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