Colonoscopia – Exame – Relato pessoal

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Para alguns esse nome é familiar, já outros nunca ouviram falar. O fato é que a Colonoscopia é um exame importante que pode evitar que muitas pessoas tenham, no futuro, “surpresas” desagradáveis.

Hoje resolvi compartilhar um relato pessoal de como foi a minha experiência. Desde a preparação até o exame. Espero com isso conseguir esclarecer algumas dúvidas, desmistificar outras, bem como chamar a atenção para a importância dos exames preventivos.

Mas antes, vamos esclarecer que nome complicado é esse.

Imagem Pixabay

O que é qual o objetivo do Exame de Colonoscopia

A colonoscopia é um exame feito por um médico gastroenterologista com o objetivo de ver e analisar a saúde do nosso intestino.

No exame, o médico introduz o colonoscópio (um tubo fino, longo e flexível com uma luz e uma câmera na ponta) no ânus. Assim, através do monitor pode visualizar o intestino grosso (reto e cólon) até chegar no delgado (porção distal do íleo).

Tudo é feito com muito cuidado e sob sedação. Dura em média de 20 a 30 minutos. Caso seja identificado algum pólipo que precise ser retirado, dura um pouco mais.

Durante o exame é possível identificar alguns tipos de alteração no intestino como colite, varizes, doença diverticulite, presença de pólipos e câncer intestinal. Daí a importância dele como prevenção.

Pólipo – O que é?

Numa linguagem mais simples, pólipo é um crescimento fora do normal de um tecido em uma membrana mucosa. Aqui estamos falando do pólipo que cresce na parede intestinal ou retal e se projeta para o interior.

É importante deixar claro que nem todo pólipo vai se tornar algo ruim no futuro. No entanto, ao identificá-lo no exame, o médico já providencia a sua retirada. Como uma ação preventiva.

Quem deve fazer o exame?

Em geral, o exame é recomendado para:

  • Pessoas que apresentam sangramento recorrentes nas fezes;
  • Pessoas que apresentam diarreias frequentes;
  • Pessoas que têm intestino preso;
  • Pessoas que têm dores abdominais recorrentes.

Para quem não apresenta queixas e nem os sintomas relacionados acima, a recomendação é que faça o exame a partir dos 50 anos de idade. “Especula-se” que a comunidade científica está querendo reduzir a idade para 45 anos.

Essa questão da idade é meio relativa. Há quem precise fazer por conta de algumas queixas/sintomas como os relatados acima e até mesmo aquelas pessoas com parentes de primeiro grau (irmãos, pais e filhos) que tiveram câncer colorretal. A orientação para estas pessoas é iniciar os exames de prevenção aos 40 anos ou 10 anos antes da idade em que ocorreu o câncer do seu familiar.

Contraindicações

Há também algumas pessoas que estão contraindicadas para o exame. São elas:

  • As que fizeram cirurgia abdominal recente.
  • As com com suspeita de diverticulite aguda ou perfuração do cólon.
  • As que têm dificuldade respiratória;
  • As que têm Patologia cardíaca descompensada (arritmias, insuficiência cardíaca);
  • Gestantes.

Acima, algumas contraindicações. No entanto, cabe ao médico solicitante avaliar a situação do seu paciente para recomendar ou não o exame.

Meu compromisso anual comigo mesma

Anualmente faço meus exames de rotina. Vou à minha ginecologista, conversamos, ela me examina e pede uma série de coisas. Os exames de sangue para acompanhar, desde os marcadores mais comuns como glicose, colesterol, triglicerídeos… até os hormônios (no meu caso, atenção especial para eles pois estou no caminho da menopausa).

Os exames de imagem como: ultrasons, mamografica, desintometria óssea também são solicitados; Assim como o de urina; os preventivos para ver como está a saúde do colo do útero, vagina e vulva… às vezes ela pede alguma cultura… e pronto!

Saio do consultório com a missão de fazer tudo e depois voltar pra ela. Esse é o compromisso que tenho comigo mesma ANUALMENTE. Sem neuras.

E esse ano foi a minha estreia com o exame de Colonoscopia. Por uma questão de prevenção mesmo uma vez que não tenho queixa alguma. Mas como recentemente havíamos perdido Pelé, Preta Gil tinha também recebido o seu diagnóstico e está em tratamento e pela minha idade, a minha médica resolveu pedir.

Se você me perguntar se gosto de ir pra médico, de fazer exames (alguns deles bem desconfortáveis) vou responder não. Não gosto. Mas certamente não gostarei nem um pouco caso apareça algo que necessite de um tratamento agressivo ou algo mais invasivo por conta da minha negligência.

Então, vou e faço sem gostar mesmo. Sem mi, mi, mi. Inclusive, com muita gratidão pois sei que nem todos têm condição de ter um plano de saúde que permita fazer tudo isso.

Muitos sofrem meses (alguns sofrem anos) nas filas de espera dos Hospitais Públicos aguardando a sua vez. infelizmente em alguns casos, quando chega a vez já não há tempo de tratar. Mas isso já é assunto para uma outra publicação.

Os preparativos

A primeira coisa que eu perguntei à minha médica quando ela prescreveu a Colonoscopia: Dra, nessa altura do campeonato eu vou ficar com o traseiro virado pra um médico que eu nunca vi? rsrs. Ela respondeu: “Tem nada não. Você não vai lembrar de nada mesmo!” rsrs.

E encerramos a consulta nesse tom descontraído. Naturalmente que pedi para ela me indicar um médico.

Os preparativos da véspera:

Assim que marquei o exame, recebi todas os orientações para o preparo.

Estava marcado para às 11:30h da 6a feira e o preparo já devia ser iniciado no café da manhã da 5a feira. O objetivo era comer menos e limpar o intestino. E assim foi.

No café da manhã 1 ovo cozido, uma banana e 1 torrada; No almoço, uma porção de macarrão com molho de tomate; No jantar, caldo de galinha.

Água de côco, chás, refrigerantes, isotônicos, sucos coados, picolés, gelatinas podiam ser consumidos a vontade na véspera. Além de água, é claro.

Já leite e derivados; bebidas alcoólicas; grãos e sementes; bebidas escuras; verduras e legumes, frutas frescas ou secas… NÃO. Barrados no baile rsrs.

Fui orientada a tomar um laxante às 14:00h e outro às 18. Então me organizei pra trabalhar a tarde em casa. Não queria passar perrengue na rua. Mas, no meu caso, os laxantes não fizeram nem cócegas e aí comecei a pensar em como é que ia conseguir estar com o intestino vazio pro exame. Só podia fazer como ele limpo.

Não senti fome. É claro que quando a gente é “proibido” de fazer algo que gosta, a gente tem vontade de fazer não é? Queria beliscar uma coisinha ou outra mas resisti. Estava focada.

O dia do exame

Fui dormir na véspera achando que ia precisar me levantar às pressas durante a madrugada. Que nada! rsrs.

O dia do exame começou bem cedo. 5 da manhã já estava de pé pois tinha que tomar um preparo de 15 em 15 minuntos. O bendito Manitol. Essa foi a parte mais puxada pra mim. Suei viu! rsrs. Nada mais de comida e líquido. Abrem um exceção caso precisemos tomar algum remédio controlado (inclusive há remédios que recomendam tomar só depois. Cada caso é um caso) e aí deixam tomar um pouco de líquido até 2 horas antes do exame.

Finalmente entendi porque aconselharam tomar um remédio pra enjôo antes de começar a tomar o preparo com o Manitol. Também entendi o porquê da orientação de ficarmos caminhando e de não dormir depois. Ah como entendi!

Em menos de 1 hora já comecei a sentir os primeiros “vai e vens” na barriga e aí meus amigos, perdi as contas das vezes que precisei ir ao banheiro. O negócio é poderoso viu?! Deixou tudo limpinho, limpinho rsrs.

Depois de várias idas ao trono, uma verdadeira rainha, me senti meio fraca. Também, não tinha como ficar forte. Em jejum e o que havia antes no estômago já tinha ido embora. Minha boca ficou meio seca e com um gosto diferente. Esquisito. Não pensava em comida. Só queria beber água. Mas, como sou obediente, fiz tudo direitinho. A risca.

Preparativos finais e exame

Cheguei ao local do exame acompanhada da minha filha mais nova. Sim. Temos que ir com um acompanhante, maior de 18 anos. Preenchi uns formulários, assinei uns papeis dizendo que tinha ciência do procedimento e esperei me chamarem.

Fui levada para uma sala de espera onde, depois de tirar a roupa e vestir uma bata fiquei aguardando.

E então finalmente chegou a hora. Nessa altura do campeonato eu queria que tudo acabasse logo. Beber água era o meu maior desejo. Estava com muita sede. Não senti medo. Uma assistente do médico me levou até a sala do exame, me ajudou a deitar e ficou comigo. Logo em seguida chegou o anestesista e depois de me perguntar se tinha alergia a algo (essa pergunta fazem mais de uma vez) me disse: ‘Vou colocar você pra dormir um pouquinho’. Enquanto isso, eu conversava com ele e com o médico que, por sinal, foi muito simpático, gentil e acolhedor. Transmitiu-me muita tranquilidade e segurança. Disse que só iria começar o procedimento quando eu estivesse dormindo.

Fizeram um acesso na minha mão para colocarem o sedativo e só lembro do anestesista começar o procedimento. Mais nada. Se me viraram do avesso, não lembro rsrs. Quando vi, o exame já tinha terminado e eu estava sendo levada para a mesma sala de espera para me recuperar da sedação e finalmente poder beber e comer algo.

Resultado e feedbacks

Após o exame, eu já acordada, o médico me disse que correu tudo bem. Que não havia encontrado pólipos e que eu só precisava repetir o exame daqui a 5 anos. Tempo suficiente para eu esquecer dos preparativos rsrs.

Antes de mim, uma mulher de 38 anos também havia feito o mesmo exame. Encontraram 3 pólipos nela. E os retiraram na hora. Nesse caso ela precisará de acompanhamento anual.

Não sei se é uma regra de fato, mas foi uma fala do médico anestesista quando comentei que até o momento o médico do meu marido ainda não tinha passado esse exame para ele. De pronto ele respondeu: “Não pediu porque é um médico ‘velho’. Se fosse um médico ‘novo’ teria pedido. Essa ‘meninada’ está na linha da medicina preventiva. Certamente teria pedido”

Detalhe: O anestesista é um médico “velho”. Então estava falando da sua própria geração.

Fiquei pensando sobre isso. Não sei se concordo totalmente. Também não sou do meio para poder opinar com propriedade. Mas vale a pena pensar sobre.

Cheguei em casa perto das 14:00 para almoçar. Não fui trabalhar. Inclusive não é aconselhável dirigir. Ficamos sob o efeito ainda de sedativos. No início da noite senti uns calafrios esquisitos. Não sei se foi por conta da sedação. Mas logo passou. No outro dia amanheci ótima.

E você? já fez o seu checkup anual? 🙂

Por favor não venha com a frase: “Quem procura, acha!”. Ok. Agora eu pergunto: É melhor achar algo que esteja no início e com possibilidade de tratamento ou algo num estágio mais avançado e mais complicado e trabalhoso de tratar? Fica a reflexão.

E foi essa a minha experiência com a Colonoscopia.

Mais pra frente conto como foram os demais. Combinado?!

Por, Fernanda Lemos

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